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SÓ PARA GENTE BONITA

AVATAR

 

Nome: Clara Porto de Figueiredo

 

Idade: 26 anos

 

Formação: Jornalista, trabalhando em uma ONG

DIÁRIO DE CAMPO
 

I

Nunca me senti tão julgada.

Nas próximas 48 horas os membros do site vão decidir, baseados na minha foto, se eu posso participar ou não da comunidade Beautiful People. Se eu for chutada acho que me mato. Sério, quando um dia eu ia pensar que um trabalho da faculdade colocaria tanta coisa em jogo? Essa reportagem vai simplesmente me dizer se eu sou bonita ou feia. Que medo. Mas uma coisa vai ser boa: pelo que eu pude ver dos perfis (só posso ver mesmo se for aceita), os caras são bem arrumadinhos – e novos, muito novos! Será que agora eu desencalho? Que dizer, será que agora a Clara, 26 anos,

jornalista, desencalha?

 

II

 

19h40 – falta uma hora para eu saber se sou bonita ou não. Mas tudo isso me fez pensar no fato um pouco óbvio de que tudo isso é meio arbitrário. Tudo bem, existem muitas pessoas lindas no mundo, não é difícil julgar se a Gisele é bonita ou não. E também existem muitas pessoas feias, também não é difícil identificá-las – não cito nomes para não correr o risco de ofender alguém, né? Mas e todas aquelas pessoas no meio? Porque, convenhamos, a maioria das pessoas no mundo não é nem linda nem horrorosa, mas simplesmente normal. E elas, como ficam?

 

20h – depois de algum tempo usando palavras muito feias para me referir a 3 gerações do inventor do site, eu finalmente consegui participar do Beautiful People. O problema foi que o site travou quando as 48h terminaram, o que me deixou no pânico de não ter sido aceita. Além disso, ainda demorou mais um pouco para que parassem de me dizer que eu tinha que pagar uma assinatura mensal quando eu clicava em qualquer botão. Com tudo normalizado, pude finalmente comemorar que agora eu era uma pessoa bonita. Olha que engraçado, como o site já definiu o que as pessoas na minha vida já definiram e continuam definindo o tempo todo. Mesmo assim, dei muito mais importância ao site. É, eu sei, ridículo.

 

Com acesso mais livre, pude dar uma olhada nos perfis dos outros participantes. Realmente têm algumas pessoas muito bonitas. Mas a grande maioria, pelo menos no meu gosto, é bem normal. Não vi ninguém feio, mas também é preciso ser assinante pago para ver todas fotos – além da do perfil – de um usuário (muito espertos, não?).

 

Logo nessa minha primeira excursão pelo site, vi duas coisas bem curiosas: a primeira foi um menino reclamando da foto de uma menina, que aparentemente tinha carregado no Photoshop. Achei engraçado o garoto realmente cobrar esse nível de verdade num site de relacionamentos. O que ele esperava? Que ninguém desse aquele ajuste de contraste nas fotos? Ah, tá, né. A segunda coisa curiosa foi em um dos fóruns do site. Um garoto havia aberto um tópico: “Procuro namorada séria”. Não sei o que as outras pessoas pensam, mas eu tenho muito essa imagem de site de paquera: as pessoas querem desencalhar, arranjar um par mesmo. Talvez eu esteja assistindo muito filme, e uma das meninas que respondeu ao fórum me acordou. Ela listou diversas razões para que o tal garoto desistisse. Disse que rolava muita mentira nos perfis, que muitos eram casados e que os encontros físicos raramente aconteciam. De fato, eu sou a prova de que ela tem uma certa razão.

 

III

 

Acho que seria bom eu explicar um pouco as funcionalidades do site, para o pessoal se situar. Funciona basicamente como o Facebook, mas para ter chat individual é preciso ser assinante pago. Os gratuitos têm direito a um chat coletivo, que pelo que eu vi não é nem um pouco emocionante. Na sua página você tem acesso a quem visitou o seu perfil e também a quem está interessado em você. Você vai lá no perfil da pessoa e clica em um botão que vai marcar para ela o seu interesse. Não sei o que acontece depois disso, porque ainda não tive coragem de fazer com ninguém. Apesar disso, dois caras, nem um pouco maravilhosos, diga-se de passagem, mostram interesse em mim, mas não tive coragem de responder. Fiquei pensando se as regras sociais se aplicam nesse tipo de relacionamento. Mulheres vão atrás dos homens? É normal ou o homem virtual também vê com estranhamento? Sinto que estou aprendendo paquerar de novo, o que talvez seja bom, porque nunca fui muito boa nisso mesmo.

 

IV

 

Descobri da maneira mais engraçada uma nova possibilidade do Beautiful People. Você pode “piscar” para alguém, basta apertar um botão que envia a seguinte mensagem para a pessoa: “Fulano blinked at you”. O site envia também envia um e-mail com a mensagem, e foi isso que eu recebi no meu celular às 21h. Caí na gargalha porque na hora imaginei uma pessoa se materializando na minha frente e me dando aquela piscada de olho cafona.

 

Enfim, fui investigar um pouco mais no site para ver quem era o piscador. O nome é E., e ele diz ser italiano, o que não me convenceu muito. Vi que eu podia piscar de volta ou, acreditem se quiserem, manda abraços, beijos e sorrisos – o que o tal italiano já tinha feito para mim (mais risos). Fiquei dividida. Sou simplesmente uma negação em dar mole para alguém, mas... tudo pelo jornalismo, não é? “Enviar sorriso”, apertei de olhos fechados. Que bobeira. Logo em seguida o meu pretendente me manda um beijo de volta. OK, e agora?

 

V

 

Hoje a diversão na sala de Jornal Laboratório foi julgar perfis alheios. Vimos de tudo. Das fotos clássicas sem camisa forçando o tanquinho e fazendo cara de sexy às de crianças cujos pais não devem ter a mínima idéia do que elas andam fazendo na internet. Até foto de uma cara lambendo uma mulher apareceu. E, ah, também teve uma samambaia no meio disso tudo, vai entender.

 

VI

 

Resolvi aceitar o conselho de muitas pessoas que me falaram para ir fundo e sair me interessando por deus e o mundo no site. Comecei, é claro, pelos mais bonitos, porque não sou de ferro. Esperar pelas respostas é que vai ser complicado. Mesmo que o perfil não seja meu, a foto é. Não acho que um pé na bunda vá ser mais agradável só porque tudo isso não passa de uma experiência jornalística.

 

Por coincidência nessa mesma hora – para renovar o meu ego – recebi uma mensagem de um tal C. querendo conversar, me conhecer e essas coisas. É um cara mais velho, de 35 anos, até bonitinho, apesar de parecer um pouco nerd. Me pareceu também um veterano das paqueras online, até porque é um dos “membros elite”, ou seja, um assinante pago que tem várias vantagens. Respondi a mensagem dizendo que adoraria conversar com ele também e passei o meu e-mail. Fiquei surpresa com a rapidez com que ele respondeu, em um e-mail gigante, a minha mensagem. Pensando bem, já foi bem estranho ele feito o primeiro contato à meia-noite, na véspera de um feriado. Sem querer parecer a rainha das nights, mas, sei lá, achei um pouquinho triste pensar no C. sozinho, em casa, navegando pelos sites de relacionamento, provavelmente com uma garrafa de vodka do lado e lágrimas nos olhos.

 

VII

 

Deixando minha imaginação fora de controle de lado, li o e-mail do C. Ele parece ser um cara bem legal mesmo, disse estar procurando a garota certa e tudo. Achei isso até um pouco brega, porque logo depois de deixar as intenções claras ele me manda um: “será que acabei de encontrá-la?”. Coitado, não sabe nem meu nome verdadeiro e já acha que desencalhou.

Na hora em que fui responder a mensagem, fiquei com uma dúvida cruel. Onde eu trabalho? Escolhi ser jornalista por uma questão de praticidade. Quanto mais próxima eu me mantiver da realidade, menos chances eu tenho de escorregar e acabar com o projeto. Nessa linha, tinha decidido inicialmente que trabalharia na Petrobras, já que minha mãe é de lá, e eu conheço tudo sobre a empresa e os empregados. Mas aí me vem a sorte e coloca um cara que trabalha onde? Na porcaria da Petrobras. É engenheiro químico de lá. Ótimo.

 

Mudei completamente de linha e decidi então ser uma jornalista filantrópica. Do emprego imaginário em uma companhia de petróleo passei para um em uma ONG que luta exatamente contra a ação das petrolíferas. Plantei a sementinha da discórdia no meu relacionamento com o C.  É agora que vamos testar se opostos realmente se atraem.

 

VIII

 

Hoje acordei decidida a ser a piriguete nas redes sociais. Primeiro, chutei o balde e coloquei meu MSN (falso, obviamente) na minha página inicial, assim qualquer um pode me adicionar. Também marquei meu interesse em um monte – um monte mesmo! – de perfis. Comecei pelo S., da mesma idade que eu, 26 anos, e dentista, o que deve significar um sorriso bonito. A foto do perfil parece um still de comercial de barbear, mas, fora isso, o S. parece bonitinho. Tudo bem que nada disso é para valer, mas não pude deixar de reparar que ele não tem carro nem casa própria. Não me julguem.

 

Algo que vem me intrigando desde o início disso tudo é a relação que desenvolvi com o E., o piscador. Ele pisca para mim, eu mando um sorriso de volta. Ela manda um beijo, eu devolvo uma piscadela. Se eu não mando nada de volta, ele se irrita e manda três abraços seguidos.

 

Como não sou assinante paga, não posso enviar mensagens. Só quando um membro-elite me envia algo é que posso responder. Então a solução foi adicionar o E. no MSN. Quem sabe agora nosso relacionamento passa a envolver palavras.

 

***

 

Adicionei um cara chamado T. no MSN, uma experiência um tanto constrangedora. Quando a janela dele piscou com um

“oi” deu vontade de desligar o computador de tanta vergonha. Depois dos ois e tudo bens, ele vem e me fala que não lembra de mim. Pô, o cara vai na MINHA página e marca que está interessado em MIM, aí eu o  adiciono no MSN, e ele não lembra. Mas depois disso até que a conversa fluiu. Ele gosta de cinema, o que rendeu uma longa conversa sobre bons cursos de atuação e direção no exterior. Mas, para mim, fica sempre aquele preconceito: por que essa pessoa está em um site de paquera?

 

***

Pânico. Por um segundo me arrependi de ter colocado meu MSN no perfil do Beautiful People. Um tal de R. me adicionou e já veio perguntando se era eu de verdade na foto. Ofendida, falei logo que sim. Aí o cara começou com os convites de webcam. Entrei em desespero, achei que o cara já tava achando que ia rolar pornografia online e tudo. Ignorei, mas ele insistiu, explicou que não era para eu colocar o vídeo, e sim para que eu o visse. Pronto, o cara certamente ia aparecer pelado. Que alívio quando, contra todos os meus valores de boa moça, aceitei a webcam e vi que ele só estava sem camisa. A coisa toda não fez sentido algum. Ele deixou o vídeo por uns dois minutos e foi isso, ele lá, sem camisa, e eu aqui, morrendo de rir.

 

Engraçado que, se eu realmente estivesse fazendo isso para valer, esse R. já tinha levado um belo “bloqueado” na cara, mas não. Depois que ele perguntou se eu tinha um Tim, porque ele queria me ligar, tive certeza que ele tinha entrado para o meu top 5 de histórias para contar.

 

IX

 

Parece que deu certo a minha idéia de falar para o C. que eu trabalhava em uma ONG de proteção ambiental. Ele trabalha na Reduc e já começou a se desculpar pela poluição que a indústria promove. Tadinho. Ele é mesmo um fofo. Manda e-mail de Feliz Páscoa, manda foto dele passeando no Chile, faz doutorado, fala “pé-de-meia”... Ah, mas 35 anos e ainda morando com os pais e o irmão? Ah, não, aí não dá.

 

Também não consigo entender qual o problema desse E. Não fala comigo no MSN, mas continua a me mandar beijos e piscadas virtuais. Que maluquice.

 

X

 

A idéia de colocar o MSN foi mesmo uma salvação. Toda hora alguém novo me adiciona, mas não acho que seja tudo clima de paquera, não. Mesmo assim, acho que estou ficando boa em puxar assunto, coisa para qual nunca levei tanto jeito. Acho que muita gente está no site para fazer amizades também, aí fica mais fácil. Comecei a conversar com o D., que disse ter criado um perfil no Beautiful People só para ver qual era a do site mesmo. Muita gente deve ter a mesma motivação. Algo do tipo, “não estou fazendo nada mesmo, vou me inscrever e ver se eu sou gatinho”.

 

Na conversa, descobri que eu havia mandando um daqueles sorrisos ridículos para ele, por isso me adicionara no MSN. Nem me lembrava. E toda essa história de sorrisos, beijos e piscadas virtuais me pareceram ainda mais ridículos partindo de mim e jogadas na minha cara.

 

Fiquei impressionada quando ele tentou me mandar uma música do Jamie Cullum. Não esperava achar uma pessoa em um site desse que curtisse o mesmo tipo de música que eu. Falamos também dos loucos que frequentemente aparecem nesse tipo de rede social, e ele veio logo me garantindo que ele não fazia o tipo maníaco. Ah, beleza, como se isso não fosse exatamente o que um maluco diria.

 

***

 

Fui enganada. O tal do S., que eu tinha achado bem bonitinho, usava uma foto falsa no perfil do Beautiful People, e agora eu vejo o porquê. Mas fora a mentirinha – e o pedido logo de cara para eu colocar webcam –, até que o garoto é gente boa. E curioso. Quis detalhes de onde eu trabalhava e do que eu fazia. Por um momento suspeitei que ele suspeitava de mim, mas acho que foi paranóia minha.

 

XI

 

Acho que descobrir o melhor passatempo para as minhas madrugadas: entrar no meu msn do BP. Nunca vi tanta gente online, em plena sexta-feira, 2h da manhã. O único problema é que piriguetei tanto adicionando as pessoas no MSN que agora nem lembro mais que é quem, o que é um tanto constrangedor. Mas o que nisso tudo não é, né? Por exemplo, comecei a falar com um menino de Bauru que me deu a impressão de estar prestes a fazer cometer suicídio. Pediu para falar comigo por microfone, aí, quando eu falei que não tinha, ele me pediu desculpas por ser invasivo. Falou que morava sozinho e que estava se sentindo muito só. Logo depois ele parou de me responder. Devo ficar preocupada? (Atualização: acho que ele está vivo, porque recebi um e-mail uma hora depois me avisando que ele estava olhando meu perfil no site)

Enfim,  como não lembro quem adicionei, ouvi muitos “de onde eu te conheço mesmo?”, mas nem fiquei ofendida. Acho que já me acostumei com esses caras que ficam me dando mole no site e depois vêm com o papo de que não sabem quem eu sou. Antes eu ficava meio ofendida, tipo “como eles não lembram de mim? Que bobos”, mas acho que agora eu assumi a Clara totalmente, a não ser pela hora em que eu esqueci que não posso falar meu endereço verdadeiro e quase soltei para um menino onde eu morava mesmo.

 

Acho incrível como muitas dessas pessoas parecem não ter um quebra-molas social. Falam o que querem, parece até que me conhecem há anos. Se elas não concordam com você, simplesmente falam “não”, nem tentam disfarçar, o que me irrita muito. Dá vontade de falar “está vendo porque você tem que se inscrever em um site de relacionamento?”. Primeiro foi o tal do C. falando que morar sozinho é horrível, deprimente e tudo de ruim que há no mundo, mesmo sabendo que a Clara mora sozinha. Agora é um tal de P., daqui do Rio mesmo, que parece que não sabe conversar. Eu faço um comentário, e ele responde “não concordo”. Eu, hein. Está achando que é um debate? E ele fica fazendo uns comentários do tipo “você não devia pensar assim, você já é bem grandinha para achar isso”. Ninguém merece.

 

Aliás, ninguém merece o C. O cara queria me encontrar, eu disse que tinha ido para Belo Horizonte sem previsão de volta, e o que ele me apronta? “Clara, devo ir a BH nas próximas semanas a trabalho. O que acha de nos encontrarmos aí?”. Ah, tá, porque assim eu nem vou pensar que ele é um psicopata me perseguindo, não, né. Fora que o e-mail que ele me mandou com essa proposta é no mínimo curioso. Ele fala que estava fazendo umas aulas intensivas de ioga e aí fica me explicando várias técnicas de respiração e umas palavras em idioma de ioga e coisas do tipo. Troquei três e-mails com o cara ele já está me falando de “o ‘prana’, que quer dizer energia vital”. Tenho certeza que existem muitas pessoas normais nesses sites de relacionamento, mas o problema deve ser comigo. Minha mãe sempre disse que eu atraio gente doida. Taí a prova.

 

XII

 

Um tal de O. ganhou ponto comigo. Em vez das piscadas e sorrisos usuais, me mandou uma rosa virtual. Aprendeu E, o piscador? Rosa fofa é melhor que piscada brega. E sabe o que é melhor ainda? O diamante que o W. me enviou virtualmente. Ele tem 41 anos, um pouco de mais para mim. O tal diamante não me comprou, muito menos a conversa super sem graça que tive com ele no MSN. Até senti falta das piscadelas.

 

XIII

 

O C. está me irritando também. Aliás o BP está me irritando. Não paro de pensar na futilidade que o site representa. Sim, no começo é legal ver que algumas pessoas são realmente muito bonitas, mas e depois? Não uma comparação de interesses. Os formulários de inscrição são incompletos, curtos; tudo se resume à sua foto. Quando chega a hora de conversar, então, é sempre aquela mesmice: ninguém gosta de noitada, todo mundo é caseiro, todo mundo curte ir ao cinema e sentar num barzinho. E mais, todos estão procurando um relacionamento sérios, as pessoas de suas vidas. Se isso é o que todos querem, porque é tão difícil conseguir?

 

XIV

 

Estrangeiros não dão a menor bola para mim. Já marquei meu interesse por vários, mas pouquíssimos retribuem. Até atrás do fundador do site eu fui. Mandei o meu melhor sorriso para o Robert Hintze, mas ele nem respondeu. Paciência.

 

XV

 

Comecei a conversar com o F. no MSN e por um momento achei que eu seria desmascarada. Ele estuda publicidade, o que automaticamente me levou a pensar na UFRJ, na Eco. Mas por sorte ele era de outra faculdade. Meu disfarce continua seguro.

 

Com o C. eu não tenho mais paciência para conversar. Ele está decido a achar que a minha vida é uma porcaria porque teoricamente moro sozinha. Falou o cara de quase 40 anos que ainda mora com a mãe. Outra problema é que ele adquiriu uma mania sem sentido de ficar me mandando fotos dele em viagens a outros países. Parece o gnomo da Amélie Poulain, meu Deus. Enfim, como dá para perceber, estamos em crise. 

 

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