DIÁRIO DE CAMPO

 

Comecei minha pesquisa hoje. Antes conversei com vários amigos que conhecem o meio online. É incrível como o aplicativo Grindr ganhou força com a popularidade do IPhone. Muitos dizem que os sites viraram coisa de gente desantenada e

mais velha.

 

Depois de muita conversa resolvi entrar primeiro no Disponível e no Manhunt. O primeiro tradicional, brasileiro e com muitos membros (mais de 500 mil) e o segundo mais moderninho, com a interface bem mais fácil de utilizar e gente do mundo inteiro. Decidir me chamar Guilherme online. Botei minha idade verdadeira (21 anos), mas no meu perfil decidi não especificar muito bem o que estou procurando ... quero achar personagens bem diferentes.

 

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IMPRESSIONANTE. Um garoto do disponível que diz morar bem perto da minha casa me adicionou no MSN (o site é bem ruim para quem não tem assinatura, ou seja, bem mais fácil levar a conversa pro MSN, onde câmera e fotos podem ajudar o papo). Assim que o menino liga a câmera percebo que conheço de algum lugar... sim, um colega de escola, uns dois anos mais velho. Resolvo enrolar e não mostrar foto nenhuma. Descobri que ele tem 23 anos e que ninguém sabe nada sobre a sexualidade dele. Ele só queria um amigo acho. Nem falei quem eu era e ele falou durante uns 20 minutos sem parar sobre a vida dele.

 

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Voltei a falar com o tal do garoto, que fica pedindo para eu botar fotos minhas. Eu botei umas fotos de longe, ele nem lembrou quem eu sou, mas me falou que estava muito feliz em conhecer "alguém com cerébro". Não sei porque ele falou isso ... talvez porque eu tenha comentado que eu estudo jornalismo (como se isso provasse alguma coisa ... nem falei aonde estudo).

Logo depois resolvi navegar pelo Manhunt e descobri uns perfis tensos! Muitos orgãos sexuais à mostra. Mandei mensagem para o "ativo40rj", será que ele responde?

 

 

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O cara respondeu e peguei o MSN dele. O MSN é realmente essencial para flertar pela Internet. Nossa conversa durou menos de cinco minutos. Ele queria que eu ligasse a câmera e aparecesse "em pé". Tentei falar que achava isso um pouco estranho, afina nem tínhamos conversado direito. Não teve conversa, ele "não queria enrolação" e disse que eu deveria ter lido o perfil dele no Manhunt, que explicava exatamente o que ele queria. Grosseiro...

 

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Resolvi me aventurar no Gay Romeo. Um site com uma interface horrorosa, que respira sexo, mas é bem conhecido no Brasil e na Europa. Conheci o Eduardo. Mora no Leblon, na Delfim Moreira para ser mais preciso, e durante a conversa no MSN ficou surpreso quando disse que estava fazendo uma reportagem sobre o site. Me falou que não ia poder falar muito porque no dia seguinte estava indo para a África e estava muito atarefado, mas ficamos de conversar depois.

 

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Eduardo voltou da África e conversamos bastante. Ele disse que é do Rio Grande do Sul e que foi transferido para o Rio há uns meses. Como ele não conhecia ninguém no Rio começou a entrar nos sites procurando amizade, sexo, namoro e desde então disse que conheceu algumas pessoas bem interessantes. Um engenheiro que mora em Botafogo e um outro engenheiro que mora no Corte do Cantagalo. Eduardo tentou me convencer de ir até sua casa algumas vezes, mas eu me fiz de desentendido e disse que só estava pesquisando mesmo. Ele ligou a câmera que mostrou o cara da foto no avatar, e atrás a praia do Leblon, inconfundível. Fingi que não tinha praia nenhuma atrás dele (ainda desconfiava que ele estivesse mentido sobre o Leblon e a África). Logo depois me despedi.

 

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Tenho entrado nos sites e no bate-papo do UOL, que é conectado com o UOLK, uma rede social de relacionamentos também do UOL. As salas ficam cheias até muito tarde. São 30 salas só para a cidade do Rio de Janeiro, com capacidade de até 50 pessoas. É engraçado como a organização das salas se dá. Nas primeiras salas pessoas da Zona Sul e da Barra se aglomeram. Entre a sala 10 e 20 ainda tem gente da Barra, mas quase ninguém da Zona Sul e muita gente da Zona Norte. Nas últimas salas se aglomeram pessoas da Zona Oeste e Baixada. Isso comprova porque o Grindr faz sucesso: acha quem está perto de você.

 

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Estou escrevendo a minha matéria e, sinceramente, achei a experiência um pouco tensa demais. Realmente essa "vergonha" de encontrar alguém conhecido online existe ainda. Talvez o fato da primeira pessoa que apareceu para ser analisada na matéria ter sido um conhecido (ainda que distante) tenha feito essa sensação parecer bem mais intensa do que deveria ser. O que eu sei é que como o título da minha matéria diz, existe uma festa dentro do armário, uma festa e tanto!