top of page

PARA JOVENS

AVATAR

 

Joana

 

Jovem alegre e divertida. Gosto de sair com meus amigos nos fins de semana, mas também sou bem tranquila.

 

DIÁRIO DE CAMPO
 

Quando soubemos qual seria a proposta do Jornal Laboratório nesse semestre, a primeira coisa que senti foi curiosidade. Sabia que tratar sobre relacionamentos amorosos dentro do universo virtual seria algo interessante, justamente pelo fato de ainda ser pouco abordado. Parecia difícil compreender o que leva as pessoas a procurarem um parceiro pela internet. Na verdade, eu pensava que esse era um caso extremo. O que pode ter dado tão errado no campo físico para que as pessoas passem a buscar outras no campo virtual? Me perguntava se estava “tão difícil assim” arranjar um namorado(a).

 

Na discussão de pautas, logo tive em mente investigar o que leva a minha geração a se arriscar no meio virtual. Afinal, a geração nascida nos anos 90 é justamente a que sofreu, em um primeiro momento, essa transição com mais intensidade. O crescimento da internet e o surgimento de diversas utilidades para ela. Isso ainda acontece, a internet ainda é um universo em transição, em evolução. No entanto, as primeiras redes sociais surgiram dando espaço para essa geração de jovens.  A  questão era, como se deu, então, essa transição do campo real para o virtual.

 

****

 

Comecei minha pesquisa me inscrevendo no Par Perfeito. Até que a minha foto fosse aceita, achava que essa entrada em campo poderia ser um fiasco. No início, tive problemas para ler as mensagens que recebia, já que para algumas delas era necessário que eu fosse usuária premium. No entanto, o volume de mensagens que recebi depois de algumas semanas era tão grande que, mesmo com esses pequenos problemas, eu conseguia manter contato com algumas pessoas. Depois de algum tempo de pesquisa, resolvi me inscrever também no Namoro Online. Recebi algumas mensagens de lá, mas o foco da minha pesquisa foi basicamente no Par Perfeito. O que facilitou a pesquisa foi a tendência de todos em migrar para o MSN logo depois de uma ou duas mensagens. Sair um pouco da dinâmica dos sites em si ajudou no processo de conhecer a pessoa que estava do outro lado.

 

 

Estando no MSN, conversei com alguns pretendentes. O Tiago e o Felipe foram as principais figuras da minha pesquisa. Eles eram os mais abertos em conversar, enquanto outros ou queriam marcar diretamente um encontro ou procuravam por conversas mais sexuais, que não era o foco. Muitos pediam para utilizar a webcam, acredito que por ajudar a tornar as coisas mais “reais”.

 

 

Algumas pessoas desejavam somente conversar. Sobre qualquer coisa. O que gostam de fazer, como foi seu dia, mas principalmente sobre seus interesses. Algo típico dos jovens, em qualquer lugar em que estejam. As semelhanças sempre são o que aproximam. Dessa vez não foi diferente. O Tiago fez questão de contar todo seu passado, tanto de relacionamentos amorosos como de questões familiares mesmo. Acho que ele se sentia a vontade para falar de qualquer coisa. Ainda mantemos contato, ele é uma pessoa bem divertida de se conversar, só penso ainda como vou explicar que eu não sou a Joana (do meu perfil), e sim a Juliana. Espero que ele entenda. É uma pessoa que eu realmente gostaria de continuar conversando.

 

 

Eu tenho o costume de passar horas na internet, então, estar online no MSN é bem comum. No momento em que me vi conversando horas seguidas com o Tiago foi que eu vi que estava ficando realmente envolvida com a pesquisa. O que foi muito bom, facilitou a construção do meu olhar e vi que as outras pessoas que eu também conversava tinha pontos de vista semelhantes ao dele, falando de uma forma bem genérica.

 

 

Uma informante que usei foi a Ísis, uma menina que mora comigo. Durante a pesquisa descobri que ela faz uso dessas redes sociais de relacionamento. Ela me contou a história de como acabou parando lá e suas explicações para isso. Hoje, gostaria de ter explorado mais o personagem dela, mas sabia que até certo ponto ela não  ficava tão confortável em falar sobre isso. Talvez ela se sentisse um pouco julgada por fazer parte da minha pesquisa. Afinal, ela sabia que se tratava de uma pesquisa de campo, enquanto as outras pessoas com as quais conversei, não. No entanto, sua sinceridade foi admirável e sempre carregada de bom-humor, então achei que ela fosse essencial para participar dessa reportagem.

 

 

O ponto em que cheguei

 

 

No fim das contas, me despi dos meus preconceitos. Vi que os jovens que procuram um relacionamento na internet são como qualquer outro. Hoje penso que essa é uma alternativa interessante para quem está tão cansado dos jogos que existem na vida real – que não são poucos. O problema, que na verdade se apresenta mais como um desafio, é saber como frear esse tipo de relacionamento. Não esquecer que viver a realidade física é algo bom e que faz muito bem. Relacionamentos podem começar e até amadurecer com a ajuda da internet, mas não devem acontecer somente lá. No entanto, é possível, sim, se aventurar com um clique, a fim de encontrar o toque que mais combine com você.

 

bottom of page